Jundiaí, Quinta-Feira, 21 de Novembro de

15 de novembro, Dia da Umbanda - Por Pai Alexandre Falasco.


Que em 15 de novembro se comemora a Proclamação da República todo mundo sabe, o que poucos sabem é que existe outro acontecimento histórico bastante “nacional”, que vem sendo comemorado neste dia há mais de 100 anos. Trata-se da primeira religião fundada no Brasil por um brasileiro.

Estamos falando da Umbanda, que cultua a natureza e seus elementos como sagrados através de sua filosofia espiritualista, filosofia esta que acredita na vida após a morte e na comunicação entre vivos e desencarnados – Segundo o último censo do IBGE, o número de pessoas que declararam partilhar desta crença ultrapassou com folga a marca de cinco milhões de brasileiros.

Esta filosofia que não para de crescer utiliza os processos mediúnicos para estabelecer esta comunicação, trazendo assim, mensagens daqueles que já partiram e orientações dos espíritos mais experientes no outro lado da vida.

É próprio da Umbanda a manifestação dos chamados “Guias de Luz”, que segundo a crença são espíritos que já foram encarnados como nós e que hoje não precisam mais reencarnar devido ao seu alto estágio de evolução, passando a cumprir seu papel caritativo nestas sessões de incorporação para orientar os que ainda não chegaram lá, ou seja, nós, encarnados.

Os mais conhecidos são os Pretos Velhos, espíritos de nossos antigos escravos brasileiros, os Caboclos, espíritos dos índios que teriam vivido em nossas matas, e os Erês, espíritos de crianças (sincreticamente relacionados a São Cosme e São Damião), mas ainda existem as manifestações de Boiadeiros, Ciganos, Marinheiros, Exus, Baianos, entre outras linhas.

Como sempre digo, acredito que a Umbanda é a religião das pessoas livres, que seguem um ideal, mas não uma ditadura filosófica, já que a Umbanda possui grande diversidade em seus modos de culto e rito, e não se atém a uma única e hierárquica organização como é o caso da maioria das demais. Assim, a Umbanda é exemplo de tolerância inter-religiosa, exemplo de que podemos coexistir sem as chamadas “guerras santas”, refiro-me aqui ao mal que assola o Oriente Médio e pode acontecer em qualquer outro lugar em que o povo não respeite a forma alheia de crer e cultuar. O Brasil é um dos países que determina a liberdade de crença religiosa em sua constituição e proíbe por lei qualquer forma de discriminação a esse respeito, o que contribuiu para a consolidação deste tipo de filosofia libertária.

O brasileiro, fundador da religião, foi o carioca Zélio Fernandino de Moraes, exatamente nesta data, seu ato oficializou esta cultura que outrora era praticada às escondidas, tamanha a falta de conhecimento e preconceito, mas que hoje está muito organizada e expressiva, possuindo até mesmo uma Faculdade de Teologia Umbandista em São Paulo, reconhecida pelo MEC, entre outras grandes Escolas espalhadas pelo País.

A Lei 12.644 decreta o Dia Nacional da Umbanda para todo país e em Jundiaí a data faz parte do Calendário Municipal de Eventos desde 2015, graças à aprovação da proposta de autoria do vereador Paulo Sergio Martins.