Jundiaí, Sexta-Feira, 19 de Abril de

Religiosidade, respeito e preservação no I Encontro Serra do Japi


Religiosos, representantes do poder público e moradores do entorno debateram sobre o uso conscientes do nosso pedacinho de Mata Atlântica

Reportagem
Pai Samuel Leme da Silva
 
Edição
Pai Édi Gomes
 
A manhã deste domingo, 27 de janeiro, reuniu na Fundação Serra do Japi, representantes do poder público, praticantes das religiões de Matriz Afro de Jundiaí e moradores da região. Intitulado I Encontro Serra do Japi e Práticas Religiosas teve como objetivo aproximar ambos os lados, para debater o uso de áreas com a necessidade da consciência da preservação do meio ambiente.
 
A abertura foi realizada pela superintendente da Fundação Serra do Japi, a veterinária Vânia Plaza Nunes, que agradeceu a presença dos participantes e apresentou a dinâmica do encontro. Dos 103 inscritos, o quórum contou com mais de 90 pessoas que puderam debater sobre o tema e desenvolver atividades em grupos.
 
Natureza
 
O presidente da UNI Terreiros – União das Comunidades de Terreiros de Jundiaí e Região, Gihad Abbas mostrou o ponto de vista da entidade, com ênfase da importância em cobrar postura de respeito dos adeptos da religião em relação a natureza. “Se Umbanda é preservação da natureza, porque então o degrado? Hoje temos que chegar antes nos pontos de força (natureza) para proceder a limpeza no local”, disse Gihad Abbas.
 
Rodrigo Batalha, representante da Tenda de Umbanda Estrela Matutina, com uma visão esotérica iniciática disse as formas da prática religiosa de uma casa difere da outra, mas o intuito é um só.  “As formas de expressões do movimento Umbandista podem ser diferentes de uma casa para outra, no entanto são unidas em sua essência e ritos. Nestes ritos os médiuns podem fazer uso de oferendas visíveis: flores, frutas, entre outras essências sagradas. As louças utilizadas são limpas e reutilizadas, as frutas são dispostas ambientalmente corretas”, Rodrigo Batalha.
 
Thiago Batolla Oliveira, da Comunidade Afro Religiosa Santa Catarina, falou também pela UNI Terreiros, a convite de Gihad Abbas, sobre as particularidades das oferendas. “As entregas de animais são feitas no Barracão, nas Casas e não são dispostas na natureza e a carne dos animais ofertados, são transformadas em alimento para comunidade. Nas cachoeiras e campos naturais, locais onde os Sacerdotes são iniciados, além da água sagradas, são utilizados elementos como grãos secos, folhas, ervas para a limpeza astral do iniciado e feito o recolhimento no Barracão”, pontuou Thiago Batolla Oliveira.
 
Respeito a Vida
 
O Babalorixa Alex Odé Danjansile, do Ile Alaketu Asé Dana Dana, convidou a todos refletirem sobre a importância da água. “Orixá é vida. Água é vida. Somos gerados na água quando a mulher engravida. Nosso corpo é composto de água, ou seja, vida. Respeito a religião, a pessoa, a vida, a natureza. Os iniciados são levados à natureza para serem iniciados: cachoeiras, rios, mares, para receber a água, a vida. Ouvimos as pessoas dizerem: Vocês não se cansam em falar sobre intolerância? Se falando está como está, imagina se calarmos? Temos que ter é respeito e nos unir para que nossa fé não se acabe”, disse Alex Odé Danjansile.
 
Castelo de Águas
 
A superintendente da Fundação, Vânia Plaza Nunes, ressaltou a riqueza hídrica da Serra, que recebeu a denominação de “Castelo de Águas”, por parte do conhecido naturalista professor Aziz Naci Ab´saber, (1924 – 2012). Acrescentou detalhes da relevância da Serra ter sido reconhecida pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. “Tudo tem que ser equilibrado. Quando é afetada a natureza, ela vai se adequando até atingir o equilíbrio e pode causar até alguns desastres para tal, devido a interferência humana”, disse Vânia Plaza Nunes.
Para Sinésio Scarabello Filho, gestor de Meio Ambiente e Planejamento, que foi secretário de Obras e diretor de Planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura de Jundiaí, “todo processo de discussão de regras para proteção é muito grande. É um trabalho continuo e de educação. O equilíbrio espiritual, ambiental, pode ser rompido ao invés de evoluirmos encontramos o desequilíbrio. Quando a mata é devastada, quando não temos respeito onde estamos, vamos encontrar o desequilíbrio. É um desafio”. 
 
Opiniões
 
“O decreto traz a proteção longínqua para que a cada dia possamos usufruir um equilíbrio do ambiente”, Wagner Paiva - diretor da Divisão de Meio Ambiente
 
“É possível fazer denúncia por qualquer pessoa utilizando o instrumento previsto no artigo 18 do regimento interno do COMDEMA”, Sílvia Lúcia Vieira Cabrera Merlo - presidente do COMDEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente.
 
“Praticar as religiões com a preservação da natureza”, Rogério Cabrera Merlo – 1ª secretário do Conselho de Gestão da Serra do Japi (CGSJ).